quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Aquele beijo foi um ímpeto. Irresistível. Selvagem. Louco. Mais aqueles olhos verdes janelas abertas para mim, os lábios malícia cereja,
velha cena de cinema,
quartos de hotel no mesmo piso, o elevador que propicia proximidades inesperadas, um olhar, um gesto, um toque de sensualidade,
talvez estudada,
a despedida lenta, passos de tartaruga na encruzilhada do corredor de alcatifa macia, o silêncio da madrugada, a televisão a debitar baboseiras lãnguidas de amores impossíveis, o tempo a escorregar-nos pelo corpo devagar devagarinho, nós a adiarmos um tão fácil, seco,
Boa noite! ,
um passo, um simples pequeno passo. Afinal, do tamanho do Mundo, e sempre aqueles olhos janelas abertas ao beijo e ao riso. E o sorriso a principio enigmático como o da Gioconda, mas que se foi abrindo por debaixo daqueles olhos,
o espelho da alma,
-Não me faças esperar mais este desejo
foi o que me disse, ou, pelo menos, o que eu ouvi que disse. A porta do quarto a fechar-se, deixando o mundo lá fora entretido com as suas voltas de 24 horas, uma brisa de sensatez inconveniente,
- E o teu marido?...
A admiração disfarçada na segurança de um gesto de enfado
-Deita-se cedo... sempre se deitou cedo demais...

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